Minha mãe foi
diagnosticada com o mal de Alzheimer e a causa mortis dela, aos 80 anos, foi decorrentes dos problemas adivindos da doença.
Lembro que,
durante dois anos, ela foi diagnosticada com depressão e tomou remédio para
tal. Até que chegamos num geriatra que identificou os sintomas e bateu o
martelo. O que a gente chamava de senilidade, ele nomeou como Alzheimer.
Foi um caminho
longo, e minha mãe, que era ativa, independente e desenrolada, de repente, esquecia as palavras e coisas, fazia
movimentos repetitivos, se perdia dentro de casa. No final, não tinha controle
do esfíncter, não comia sozinha, não tomava banho sozinha, não podia ficar um
minuto desacompanhada.
Minha irmã
caçula foi incansável no cuidado com ela, tentando fazer as coisas ficarem o
mais próximo possível da normalidade, para ela. No final, ela ainda teve um AVC
leve, que deixou como sequela uma falha na deglutição. Então, tudo passou a ser
líquido e pastoso, com ajuda de um canudinho.
Lembro, que
logo após o diagnóstico ter sido emitido, em alguns momentos de lucidez, ela nos
olhava e perguntava: “Minha filha, eu vou ficar boa???”
A gente nunca
atinou em como as coisas aconteceram e em como a cabeça dela funcionava.
Agora,
lendo “Para sempre, Alice”, muitas
fichas caem, muitas coisas se explicam e a gente tem a sensação plena e total
de como é, um cérebro indo embora,literalmente se desmanchando, num corpo são.
A sensação
maior da Alice é de solidão e é aí que o livro toca, quando a gente entende (ou
não) como é enfrentar a doença. Tem uma hora no livro em que ela até cogita que
seria melhor se tivesse câncer, pq assim teria um inimigo concreto para
combater.
Fiquei
pensando como seria se fosse comigo, hoje, agora, sabendo que a cada dia, estaria
perdendo mais e mais a compreensão e que iria chegar uma hora em que a pessoa
iria “apagar” de vez, impedindo-a de fazer as atividades mais simples e as mais
prazerosas.
Triste, difícil, complicado. Angustiante.
As palavras
que Alice usa na palestra plenária de abertura, na Conferencia Anual de
Atendimento à Demência, em Março de 2005, em Boston, USA, são de uma emoção e
singularidade, coisas que só podem vir de quem está efetivamente sofrendo com a
devastação.
Recomendo,
fortemente, a leitura e recomendo, mais
fortemente ainda, a carta que, no meu livro da Editora Nova Fronteira
pode ser encontrada nas páginas 238,239 e 240.
Já li 3 vezes,
já chorei 3 vezes e tenho em mim a certeza, que chorarei sempre que a ler.
Um livro que
me deixou marcas.
Estou com esse aqui na estante para ler... ainda não tive coragem.
ResponderExcluirVale a pena arriscar, Su...
ResponderExcluir